Saí à rua para comprar o jornal.
Passei na florista e o olfacto direccionou-me a visão ao mesmo tempo que a audição me trazia, na voz de outrem, o eco do meu pensamento:"Já há frésias!"... mas a ponta do nariz enregelada pelas carícias do vento polar afastaram-me da Primavera, das frésias e do seu perfume.
Por vezes esqueço que as flores tal como os legumes e os frutos já não têm época...
E nós? Qual é a nossa idade quando já somos a fusão do tanto que vivemos e do tanto que ainda queremos viver? Que idade tem aquele que aos vinte sobreviveu às intempéries que o seu avô conhece apenas de ouvir contar no conforto do sofá? E aquele outro que aos setenta quer ainda mudar o mundo daqueles que com dezoito vivem sem sonhos e sem projectos?
E tudo isto me leva ao "Estranho caso de Benjamin Button" de David Fincher baseado na obra de F. Scott Fitzgerald.
Benjamin nasceu com 80 anos e sofrerá toda uma vida com os desencontros provocados pelo desfasamento entre a sua idade física e a sua idade psicológica, entre aquilo que ele deseja e aquilo que é suposto desejar, entre aquilo que ele sente que é e o que é suposto ser tendo em conta a sua aparência.
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