Há quem faça com toda a naturalidade aquilo que alguns alcançam com esforço e perseverança... falo de coisas tão simples como nada fazer.
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Em criança, no inverno, as tardes de sábado eram passadas entre as rápidas idas à cozinha (no intervalo) e as sessões de cinema da TV.
Hoje se o quiser fazer tenho dificuldade, há sempre uma inquietação, um não querer ficar quieta ainda que o deseje; sinto que o tempo é em vão e os filmes prefiro vê-los no grande ecrã.
Tenho de reaprender a focar-me na imagem e a deixar passar o tempo e com ele toda a agitação de um mundo que nunca pára; quero sentir novamente que um ano é uma eternidade e que toda a sabedoria da vida está condensada num só momento, na paz de nada querer, na ausência de angústia causada pelo escoar das horas.
Que vontade de ser novamente dona do tempo, de ser criança e simplesmente não ter falta de tempo... o que se desconhecia não existia e os sonhos eram concretizados por entre páginas e páginas de um livro ou nas cenas de um qualquer filme.
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Falta-me perseverança para nada fazer... tenho linhas e tecidos à minha espera... quero ou não parar o tempo e não ter planos?!