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28 de agosto de 2014

...dervixes rodopiantes...

Nesta viagem pela Turquia assisti ao ritual Sema: recitação praticada pelos dervixes rodopiantesNada sabia sobre eles (quanto mais conheço mais noção tenho do pouco que sei e do tanto que tenho para viver e aprender); a cerimónia foi-me apresentada como parte integrante de uma filosofia de vida (sufismo) em que o ser humano se transforma num mendigo do amor e dedica a sua vida à procura de uma comunhão com o divino; tal ocorrerá através da contemplação, do exercitar da paciência, do desprendimento material, da procura da verdade e do amor. Assim, sendo o universo formado por átomos, e consequentemente o ser humano também, tudo está em movimento, daí o rodopiar.  O "giro dervixe" desta dança só é alcançado por aqueles que durante muito tempo exercitam a concentração e atingem uma maturidade espiritual, a perfeição, a capacidade de amar o próximo sem distinção de raça, credo ou origem, bem como, a sabedoria e a benevolência sempre transparente no sorriso ainda que o outro tenha a fúria gravada no rosto. Os bailarinos mantêm uma mão dirigida ao céu de onde recebem a bênção divina e a outra voltada para a terra, a fim de partilharem o bem recebido com aqueles que assim o quiserem. Neste girar contínuo da direita para a esquerda abraçam todas as nações e seres do mundo com o máximo de amor e respeito.
 Ao longo da aprendizagem, os aprendizes vão passando por diferentes fases de provação de sono e de alimento até conseguirem rodopiar mais de dez minutos e terminar sem náusea e estonteados. O estado de êxtase que os dervixes atingem na cerimónia corresponde ao "nirvana" dos budistas.
A UNESCO em 2005 integrou a Sema na lista das obras primas do Património Oral e Imaterial da Humanidade; em 2011 foi proclamado o "Fado" enquanto estilo musical.

“É a dádiva de ser simples, é a dádiva da liberdade.
É a dádiva de descer até onde devemos estar.
E quando nos acharmos no lugar correto 
Será o vale do amor e do deleite
Quando se conquista a verdadeira simplicidade,
Não devemos ter vergonha de nos curvarmos em reverência.
Girar, girar será o nosso deleite,
Até que girando, girando, na posição exata o nosso ser se ajeite.” 
(Mevlana Rumi)

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